Retirando a Fralda
Quase todas as famílias começam a pensar em treinar seus filhos a usar o penico a partir dos dezoito meses de idade. Já houve uma grande ênfase no treinamento de bebês ainda menores, mas, hoje em dia, a maioria das pessoas concorda em que é mais sensato esperar até que a criança esteja pronta, ou seja, até que seja capaz de controlar os esfíncteres.
As crianças variam enormemente quanto à sua prontidão para contrair voluntariamente o ânus, a uretra e o abdômen, para ficarem limpas e secas; algumas parecem aprender em poucas semanas, a maioria torna-se confiável depois de alguns meses a partir do início do aprendizado.
Algumas crianças podem deixar de ter este “controle”, ou melhor, alguns acontecimentos podem fazer com que a criança regrida, como o nascimento de um novo bebê, a viagem dos pais, a saída de uma babá, enfim, qualquer alteração significativa para a criança no ambiente em que ela está inserida, pode levá-la a uma desorganização das conquistas já adquiridas. Por isto, é interessante iniciar o treinamento em épocas em que se possa garantir uma estabilidade emocional à criança, ou seja, numa época que não coincida com alguma mudança importante no contexto da criança.
Além do controle físico, a criança precisa mostrar sinais de maturidade emocional, que podem ser observados nas seguintes situações:
– Consegue comunicar de alguma forma suas vontades.
– Já demonstra desconforto ao usar a fralda, tentando, muitas vezes retirá-la.
– Avisa quando a fralda está com urina ou fezes, e pede para trocá-la.
– Ela é capaz de, após uma corrida ou outra brincadeira excitante, permanecer sentada por algum tempo, apenas brincando.
– Tem vontade de imitar o que os adultos fazem como escovar os dentes, pentear os cabelos e colocar a mesa.
– Ajuda a guardar os próprios brinquedos e veste algumas peças de roupa sozinha.
– Saiu da chamada fase do negativismo, quando diz “não” para tudo o que lhe é proposto.
– Está com a evacuação regularizada, ou seja, está fazendo cocô quase sempre na mesma hora.
Observados estes sinais, você pode providenciar um peniquinho plástico (estudar o melhor modelo do mercado), pois chegou a hora de tirar a fralda desta criança.
Os pais, educadores e outras pessoas adultas que convivem com a criança devem estar seguros do que pretendem transmitir a ela e assegurar que:
– Mesmo escapando na calça, a criança será amada e querida.
– Há ganhos no crescer. A criança deve ser estimulada a crescer e amadurecer.
– Mesmo com falhas naturais, deve haver compreensão e persistência.
– A paciência seja a tônica desta fase.
– Haja reconhecimento para pequenas tentativas e pequenos esforços da criança.
– O reforço positivo seja acentuado em qualquer conquista da criança.
– Haja modelos para a criança seguir e aprender com estes.
– A criança não se sinta forçada.
– Não sentirão nojo das fezes da criança, senão ela pode pensar que sentem nojo dela.
Seguem algumas dicas para que a retirada da fralda aconteça da forma mais tranquila possível:
Etapa inicial: É importante fazer a criança se acostumar com o penico logo nas duas primeiras semanas. Para isso, deixe o penico no local onde ela costuma brincar e a convide para se sentar nele várias vezes por dia, com roupa e tudo. Faça disto uma brincadeira. Quando ela tiver vencido o medo de sentar-se no penico, leve-o para o banheiro.
Agora, com o penico no banheiro: na hora do banho, quando a criança estiver sem roupa, peça para ela se sentar e ficar algum tempo. Neste momento, a criança já deve estar acostumada com o peniquinho, e você deve mostrar-lhe para que serve o novo “brinquedo”. Para isso, cada vez que ela fizer cocô, tire a fralda suja e jogue o cocô no penico. Faça isso sempre na presença dela, melhor ainda, convide-a para ajudar nesta tarefa. Logo terá feito associação cocô-penico.
Chegou a hora de retirar a fralda nos horários próximos aos que a criança costuma evacuar e de lhe explicar que, quando ela sentir vontade de fazer cocô ou xixi, deve sentar-se no penico.
Prepare-se para alguns ”desastres”, eles acontecem e devem ser tratados com tranquilidade. O penico deve permanecer num local próximo à criança.
Finalmente, troque as fraldas por calcinhas e/ou cuecas, para que a criança consiga despir-se sozinha quando quiser usar o penico. As roupas devem ser de elástico para facilitar as retiradas. Se escapar o xixi ou o cocô, peça que, da próxima vez, ela faça dentro do peniquinho.
Retirando a fralda da noite: Para tirar a fralda noturna, a criança já deve estar há algum tempo sem fralda durante o dia. Algumas dicas podem facilitar, como evitar dar muito líquido pouco antes da criança dormir. No começo do treino noturno, pegue a criança no meio da noite e leve-a ao banheiro, mesmo semiadormecida, coloque-a no vaso sanitário e abra um pouco a torneira. Com o barulhinho da água, se estiver com vontade de fazer xixi, logo o fará.
É importante forrar o colchão com um plástico grosso, por precaução. Mas tome o cuidado de explicar e conversar com a criança que, se ela molhar o pijama, não haverá problema algum, e, às vezes acontece. Esta situação envolve autonomia, confiança e segurança.
A experiência de retirada da fralda deve ser gratificante para a criança, reforçando sua independência e autoestima. Cabe a todos que convivem com ela colaborarem, em sintonia, com mais uma importante etapa de seu desenvolvimento.
Observação: Durante esta fase, é importante que a criança traga diariamente na mochila:
– 3 cuecas ou calcinhas
– 2 shorts ou calças compridas
– 1 par de sandálias
Elaborado por Maria Eugênia Telles Rudge, psicóloga e orientadora educacional.
Fonte bibliográfica: Martha Fry, obstetriz e coordenadora do curso pós-parto do Hospital Albert Einstein.